quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Gabão-Portugal, 2-2 (Pizzi marcou um golo)


Resumidamente, foi quase tudo mau. Mau relvado, mau resultado, péssima arbitragem e, no geral, mau teste (que teste?) da seleção portuguesa no Gabão. Do empate (2-2) com o 52º classificado do ranking da FIFA, salvam-se as estreias de Pizzi e Hélder Barbosa e, naturalmente, o tão falado cheque de 800 mil euros, pago pela organização do jogo como cachê de presença. Um tributo material ao prestígio internacional de que a seleção portuguesa ainda goza, em especial depois de um fantástico Europeu. 

Apetece recomendar aos responsáveis federativos que gastem bem. Só isso pode dar algum sentido a uma viagem que, para todos os efeitos, servirá para diluir esse tal prestígio e baixar um pouco mais na próxima atualização do ranking. Quanto ao resto, será preciso uma grande dose de visão para detetar no sucedido, no estádio de L Amitié, eventuais benefícios para o resto da campanha portuguesa de apuramento para o Mundial 2014, que recomeça em março.

Sem mais de meia equipa titular (Ronaldo, Coentrão, Nani, Meireles, Veloso e João Pereira), Paulo Bento assumiu de início a vocação experimental, com Pepe e João Moutinho como únicos elos de ligação para a estrutura base. Patrício, Postiga e Bruno Alves ficaram no banco (só o central viria a ser chamado) e, de resto, a palavra de ordem foi lugar aos não titulares.

A vocação experimentalista foi levada ao extremo com a titularidade do estreante Pizzi, a ladear Varela e Éder numa frente de ataque inédita, e com os recuperados Nélson e Sílvio com a tarefa de dinamizar as alas. Mas, a exemplo do próprio futebol, o impacto desejado pelo lançamento jogador do Corunha tardou a chegar. Antes, o jogo começou por pagar tributo a um relvado inqualificável, que obrigava os jogadores das duas equipas a limitar ao máximo a circulação de bola, nivelando o jogo (muito) por baixo.

Passaram 25 minutos de escaramuças inconsequentes, até aos primeiros esboços de remate. Mas foi preciso a entrada em cena de outro ator, o fraquíssimo árbitro ganês Joseph Lamptey, para o jogo se transformar definitivamente numa caricatura. Aos 32 minutos, o juiz assinalou penalti num lance dividido entre Sílvio e Lengouama. Madinda não falhou e desencadeou os primeiros festejos num estádio apenas semilotado.

Não duraram muito: na resposta, o árbitro viu mais um penalti, num derrube de Ndong a Éder. Pizzi, sempre competente nas bolas paradas, fez o 1-1 (35 m), e o jogo entrou num período de tréguas, só interrompidas por mais uma intervenção inacreditável de Lamptey, um árbitro que já esteve suspenso por três meses, devido a decisões igualmente grotescas, numa meia-final da Liga dos Campeões africanos. 

A desta noite ia direitinha para uma antologia do pior do ano. Tudo começou numa dividida ganha por Romaric a Pepe e num remate de Guelor que Beto desviou. A bola seguia para a baliza, mas Pepe salvou bem antes da linha. O árbitro começou a correr para o centro do terreno, perante a incredulidade geral, jogadores do Gabão incluídos, mas depois de ouvir o assistente, voltou atrás na decisão. O intervalo chegava pouco depois, e os jogadores portugueses pareciam perguntar a si próprios onde era a saída para este jogo surreal.

Na segunda parte o panorama não melhorou: a troca de Rúbens (Amorim por Micael) e de centrais não acrescentou nada ao jogo português, cada vez mais incaracterístico. Na pior fase lusa, o recém-entrado Hugo Almeida, em posição de fora de jogo, aproveitou uma das raras boas subidas de Nélson, na direita, para dar vantagem à seleção portuguesa. Durou pouco, porque Lamptey assinalou o segundo penalti da noite, num corte de Ricardo Costa, que ressaltou no braço do defesa.

Os minutos finais, com substituições sucessivas, foram penosos, com o Gabão a aproveitar a tremideira lusa para desperdiçar as melhores ocasiões. Portugal fecha 2012 com o terceiro jogo seguido sem vitória e volta com um cachet importante, mas que não pode justificar muito mais aventuras como esta.

Fonte: Mais Futebol

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