Bruno Gama e Pizzi falam da vida, do convívio, dos jantares (festas não!) e da bola no clube mais português de Espanha.
«El Mundo del Futbol». O nome do centro de treinos do Deportivo é o mote perfeito para entrar nos bastidores da equipa mais portuguesa de Espanha. Foi no complexo com excelentes condições da pequena localidade de Magebondo, a vinte quilómetros da cidade, que o Maisfutebol foi recebido.
Na fria manhã de domingo, o tema de conversa ainda era o jogo com o Real Madrid. Apesar da derrota, nota-se um ambiente leve entre os vários adeptos que assistem, ao longe, ao treino da equipa principal do Deportivo. Lá no meio, a armada portuguesa.
Bruno Gama e Pizzi, titulares frente ao Real Madrid, saem mais cedo, depois de um apronto ligeiro. Nelson Oliveira entrou a 15 minutos do fim, mas fica com os não utilizados, num treino que não tem Silvio, que sofreu um traumatismo no jogo. André Santos, Zé Castro e Diogo Salomão completam o leque de portugueses.
Conversámos com os dois extremos titulares do Depor. Sentimento agridoce pelo que fizeram na véspera. «Foi injusto», resume Bruno Gama.
«Devíamos ter matado o jogo na primeira parte. Tivemos oportunidades para isso. Um golo de diferença é pouco contra uma equipa daquelas. Na segunda parte, jogadores como o Cristiano e o Ozil fizeram a diferença», lamenta.
Pizzi dá conta do que falta à equipa: «Para começar está a faltar tempo. E depois alguma sorte e maturidade. Temos deixado fugir alguns pontos perto do fim, temos falhado em momentos decisivos. Em Espanha isso paga-se caro.»
«A Corunha já é como uma casa»
Mas a conversa é mais do que um comentário à atualidade. Quisemos saber como é viver na Corunha com tantos companheiros que falam a mesma língua, num país diferente. Aqui ao lado, é certo, mas diferente.
«Ajuda na adaptação», admite Pizzi. «Ter tantos portugueses é diferente e torna tudo mais fácil. Sentes-te mais cómodo», continua. Bruno Gama aproveita a deixa, ele que está na Corunha há dois anos, ao contrário do companheiro. Tempo suficiente para ganhar fama entre os adeptos, como, aliás, já tinham dado conta ao nosso jornal. «Sinto o carinho das pessoas na rua. Fico contente. É muito bom quando vemos fazerem tudo para que nos sintamos bem aqui. A Corunha já é como uma casa para mim. Fui muito bem recebido e esse carinho que sinto é sinal que tenho feito bem o meu trabalho», destaca.
O futebol une-os mas não é ponto único na vida dos portugueses na Corunha. «Dá para nos juntarmos fora do mundo da bola», garante Bruno Gama. «Seja num almoço, num jantar, durante a tarde...Estamos juntos muitas vezes porque partilhamos algo em comum: somos portugueses num país diferente. É bom não estar cá sozinho», assume.
Os locais variam. Não há palco fixo. Um almoço na casa de Bruno Gama, um jantar na de Sílvio, um lanche na de Zé Castro. E festas? Há festas portuguesas na Corunha? Pizzi não aguenta a gargalhada: «Isso não! Jantares sim, festas é que não.»
A Liga Portuguesa e as surpresas Paços e Rio Ave
O campeonato português continua, contudo, a merecer a atenção dos filhos pródigos que partiram e ainda não voltaram. Ambos preveem luta até ao fim pelo título, curiosamente, quer Bruno Gama quer Pizzi marcaram um período nos dois clubes que, atualmente, são a sensação do campeonato.
Primeiro o Paços de Ferreira, onde Pizzi brilhou. «É uma satisfação enorme ver o campeonato que está a fazer, mas é um clube que já nos vinha habituando a fazer bons campeonatos. É estável e trabalha bem para dar boas condições aos jogadores. Mas claro que acaba por ser uma surpresa porque estar a lutar pela Champions não era de todo esperado», assume.
Depois o Rio Ave de Bruno Gama. Mais discreto, mas não muito. «É um clube muito bom, honesto e que merece a posição que ocupa», resume o avançado.
Longe da vista, perto do coração. «El mundo del futbol» também tem espaço para as memórias e os amigos.
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