Correio Sport – Voltou a fazer parte das escolhas de Paulo Bento para os jogos frente a Israel e ao Azerbaijão. Qual o sentimento?
Pizzi – De orgulho, por continuar a fazer parte do grupo. É um objetivo de qualquer jogador representar o país.
- Serão dois jogos determinantes para a qualificação?
- Sim. Sabemos que não podemos falhar nestes dois jogos para sairmos desta situação mais difícil em que nos encontramos, uma vez que não dependemos exclusivamente de nós no apuramento para a fase final do Mundial.
- Para o apuramento direto, Portugal não depende apenas de si próprio. Isso aumenta as dificuldades?
- Acima de tudo, temos de encarar o que falta da qualificação com tranquilidade, cientes do nosso valor e cumprir com a nossa parte. Em futebol tudo pode acontecer e acredito que a Rússia (lidera o grupo com mais cinco pontos do que Portugal) ainda terá deslizes.
-Portugal é melhor do que a Rússia?
- Sim, mas no futebol a superioridade prova-se sempre no campo. Jogámos lá em condições adversas, num terreno difícil, e estávamos a começar a nossa época nos clubes. Mas já lá vai esse mau resultado [0-1].
- Ainda não se impôs como titular na seleção nacional. O que tem faltado?
- A concorrência é de peso. Cristiano Ronaldo é o melhor jogador do Mundo e ainda há Nani, Varela, Danny, tudo jogadores de grande qualidade.
- Falou em Cristiano Ronaldo. Ele é uma referência para si?
- Claro. É a minha referência desde sempre e um exemplo para qualquer jogador. Chegou onde chegou pelo trabalho e dedicação, além de ter desenvolvido muito as capacidades técnicas. É um privilégio partilhar o balneário com ele.
- É o jogador certo para capitanear a Seleção?
- Sem dúvida. Faz tudo e dá tudo pela Seleção e sabe defender os interesses de todo o grupo no campo. E é um líder natural.
- Admite que Portugal possa não estar na fase final do Mundial de 2014?
- Claro que não. Não me passa pela cabeça falhar o Mundial. Seria uma enorme desilusão. Temos de ir com tudo nestes dois jogos frente a Israel e ao Azerbaijão.
- Como é o relacionamento dos jogadores com o selecionador, Paulo Bento?
- É um grande treinador, como toda a gente sabe. Tem um feitio fácil, sempre que tem algo a dizer, diz. É muito frontal e essa é uma característica de que os jogadores gostam.
- Já marcou sete golos no Deportivo, mas não é ponta de lança. Portugal tem problemas nesse setor?
- É verdade que não há muita quantidade, mas há qualidade e jogadores que marcam golos, como Ronaldo. E Postiga, Nélson Oliveira, Hugo Almeida e Éder têm muita qualidade.
- Está na Corunha, mas pertence ao Atlético de Madrid. Tem o sonho de ser um novo Futre nos ‘colchoneros’?
- Gostava muito, embora Futre tenha tido um papel quase único na história do Atlético de Madrid. Vou tentar construir o meu caminho.
- O Deportivo está em sério risco de ser despromovido [é último, com 17 pontos]. É possível a manutenção?
- Vamos acreditar enquanto for possível, embora saibamos que está difícil.
- O que falhou para Domingos sair?
- Começámos bem com Domingos, ganhámos o primeiro jogo, jogámos bom futebol, mas creio que acusámos alguma imaturidade e isso refletiu-se em maus resultados por sofrermos golos nos últimos minutos. Domingos, no entanto, é muito bom treinador.
- Deixou saudades?
- Os jogadores gostaram dele, fizemos o possível, mas acusámos alguma inexperiência.
- Os jogadores portugueses são tratados de maneira desigual em Espanha?
- No Deportivo não nos podemos queixar. Mourinho e Cristiano Ronaldo, porém, são muito visados, pelo menos pela imprensa, por estarem no Real Madrid.
- Gostava de ser treinado por José Mourinho?
- Claro que sim, como qualquer jogador gostaria. Tem uma história no futebol que fala por ele.
- O Málaga eliminou o FC Porto da Champions. Ficou surpreendido?
- Fiquei, porque, para mim, o FC Porto tem melhores jogadores e melhor equipa do que o Málaga. Contudo, o jogo em Espanha não correu bem ao FC Porto e o Málaga foi um justo vencedor do jogo na quarta-feira.
- A Liga portuguesa é uma prova a dois entre Benfica e FC Porto. Quem vai vencer?
- Está tudo muito igual, é difícil prever. São duas equipas que se equivalem, quer no valor dos jogadores, quer no dos treinadores. Haverá luta até ao fim.
- Jogou no Paços e no Sp. Braga, mas nunca se impôs na Liga portuguesa, nem chegou a um grande. Porquê?
- Dei uma boa resposta. Faltou uma maior aposta em mim em Portugal. Aliás, há jogadores em equipas mais pequenas que mereciam jogar em clubes maiores. Os grandes apostam pouco nos jogadores portugueses, sobretudo nos jovens.
- A carreira do Paços, em oposição à do Sporting, é a prova disso?
- O Paços tem realmente um orçamento muito mais baixo do que o Sporting e tem mostrado jogadores para mais alto voos.
- Jogou no Paços. Qual o segredo do clube?
- Acarinha os jogadores, liberta--os de pressão e é uma equipa que joga bom futebol.
PERFIL
Luís Miguel Afonso Fernandes é conhecido por Pizzi. É avançado e nasceu a 6 de outubro de 1989 (23 anos) em Bragança, onde começou a jogar. Passou depois por Sp. Braga, Ribeirão, Covilhã, P. Ferreira e novamente Sp. Braga. Em 2011/12 foi para o Atl. Madrid, que o cedeu ao Deportivo no início desta época. Marcou um golo na seleção (jogo particular com o Gabão, 2-2).